Recepção da música midiática - alguns aportes teórico-metodológicos para a reflexão sobre a escuta

Resumo

Este artigo discute alguns aportes teórico-metodológicos que contribuem para a reflexão sobre a escuta musical. Atenta-se para a escuta como possibilidade de compreensão das formas sensíveis de um grupo social, suas formas de estar juntos, seus pertencimentos e identidades em trânsito em meio às complexas lógicas desta era global. Elegemos para este texto o diálogo entre três autores, em suas convergências e divergências: partimos de uma discussão sobre Pierre Bourdieu e sua noção de habitus, para dialogá-lo com a semiologia musical (semiótica) de Gino Stefani, com sua noção de competência musical, buscando pontos de encontro/ desencontro entre os dois autores. Por fim, apresentamos a noção de identidade narrativa advinda das discussões hermenêuticas de Paul Ricoeur que se mostra como uma importante contribuição para a interpretação das narrativas de si elaboradas pelos ouvintes, objetivandose como instrumento fecundo para a compreensão de suas escutas. A intenção é construir uma pequena genealogia das formas de pensar o sujeito receptor na sociedade estruturada em hierarquias sociais e culturais, em meio às relações de poder, ideologia e hegemonias que esta realidade contém, focando em alguns constructos teórico-metodológicos que podem ser úteis para a compreensão mais ampla da recepção da música midiática e sobre o papel do sujeito.